ESTADIA

Mergulho num nefasto desejo de viver

Sombrios segundos deste morrer

Instalam-se no estalar dos meus medos

Vislumbro no muro de vidro os segredos

Nada explica-se em mim e choro

Os seios, o corpo, a vida ignoro

Jogada na linha do trem do tempo

A vida pela janela é apenas o alento

Largada na sacada da história

Saúdo bem ali a memória

Senhorinha do meu desatino

No balanço da cadeira eu atino

Adeus aos senhores e sinhás

A garganta do mundo vou devorar

Andando comigo eu me encontro

A parada só chega se aponto

Jaz em mim morrer todo dia

Na cama desperto, estou vazia

Saio a me buscar e estou fadada

A viver aqui nesta estrada!

Julia Rocha
Enviado por Julia Rocha em 25/03/2011
Reeditado em 26/03/2011
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