(f)útil ?

Onde estavas com esses olhos adormecidos

Por tantas lascívias insatisfeitas?

Por quais caminhos dobrastes teus sonhos

Como quem dobra memórias na gaveta do inconsciente?

Acaso precisas de terreno maior do que alguns pés

para o sumidouro do teu corpo?

Das sombras sufocadas por patéticos clarões

Adormecemos sem noção do despertar

Secas folhas pisoteadas pelo tempo descalço

farfalham como se fora o mais alto brado,

um clamor rutilante de indefinível saudade

esmagada pelo repassar dos passos

Tudo isso é muito natural

São águas bravias a desdenhar o rumo dos homens

Idólatra de si próprio a fugir

do rugir das tormentas de seu interno oceano

Quão pequeno estou nessa gôndola que sou

Navego na certeza que cedo ou mais tarde

não mais flutuarei sobre o profundo que naveguei

leandro Soriano
Enviado por leandro Soriano em 14/11/2006
Código do texto: T291307