AMADURECIMENTO

É chegado um tempo

Em que a mente alarga os patamares das buscas

Procura por outros sentidos

Já não se abastece do que é sabido, nem conhecido

Tudo vira futilidade e um leve desilusão vai cobrindo tudo

É o fim das mistificações e a brutal consciência do desengano

É a fase final da materialidade absurda

Sem que isto signifique esperança e crescimento

Então é tempo de quebrar as estruturas do pensar

De enveredar a mente por caminhos novos

Abrir as percepções,

Olhar com outros olhos para as mesmas coisas

E não ver as mesmas coisas

Balançar as estruturas das velhas convicções

Mesmo que depois nos escondamos no alheamento

Já que nada se passa sem a presença da dor

Esta fase, vem sempre depois da depressão pendurar nossas

Certezas sob o sol e nos desencantar de vez

É quando nosso céu se enche de dúvidas

E a essência das coisas parece querer boiar no lago da consciência

Descobrimos que a certeza era apenas um produto da convicção

Porque estas estarão todas mortas

Há agora vários horizontes a nossa frente e nenhum caminho conhecido

Antes haviam menos escolhas

Queríamos a prosperidade, o sol, o desejo, o borbulhar da vida

Estávamos eternamente em construção

Aos olhos dos outros e aos nossos olhos também

Agora sabemos que o tempo desconstrói tudo

Somos um elo perdido em busca de alguma definição

Porque agora é o jogo do ser

E ser é difícil porque é imperceptível, não é mensurável

Porque somos o lume não a estrela

Somos um processo indeterminado

Que nunca terminará

E seguirá assim até sermos cobertos, finalmente

Pelo escuro do fim.

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 14/05/2011
Reeditado em 04/03/2020
Código do texto: T2970155
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