O eu
Vejo constantes espelhos de mim
de quem eu era e sou;
sempre me pergunto:
e agora?
Mas sei que quero ser algo assim, leve e flutuante
como, às vezes, ainda consigo ser!
Mesmo se encontrasse o fim do mundo e usasse todas as minhas máscaras, mesmo assim, ainda seria eu, eu e mais eu...
ainda que não conheça esse persistente eu.
Fiz tantas viagens ao fundo de mim
e nunca o meu eu descobri. O que encontrei?
Loucuras infinitas, tantas coisas absurdamente inúteis e medíocres...
mas o mais incrível é que, ainda assim, pego-me,
vez ou outra, à procura delas...
E, por isso, vejo traços de loucura em mim e em todos!
Poderia fazer tantas coisas,
descrever as formas do céu
ou cantar o canto dos pássaros...
mas nunca desvendar o eu,
o persistente eu,
o invencível eu...