NO SILÊNCIO DA CASA

acordar para quê?

para ver as estrelas

tremular sumidas?

não mais margaridas

bordando as manhãs

nem o fresco rocio

cúmplice

os pés roçando-se nus

debaixo da mesa posta

recendia a casa

de aroma a ternura

mas

as pétalas das margaridas

estão agora esfolhadas

à espera das geadas

olhar cinzas, para quê?

Lisboa, 13/1/2004