Os Problemas de Morrer.
Tremenda a magnitude
De nossa exígua existência,
Envolta por uma tênue finitude
Pagamos mais uma penitência.
Implorando por clemência,
Ao caminhar da idade,
Impera-se a vigência
Da natural mortandade.
Deixar de existir,
É nosso maior medo,
Tendemos a insistir
Num futuro mais ledo.
Então acreditamos em crenças
Que confirmem possíveis presenças
No Hades, Valhalla, Céu ou Inferno.
Desejo da imortalidade, eterno.
Para o homem moderno,
E também o antigo,
Céu ou inferno
Representam o mesmo perigo:
A morte!
Visitante indesejada,
Vem fazer seu corte
Numa pessoa amada.
E após ser levada
Criamos fés inabaláveis
Que nossa “vida”
Continua depois do enterro.
Crenças confortantes
Acerca o destino
De nossas almas errantes
Após o badalar dos sinos.
Cantando os hinos
Nas ocasiões fúnebres
As orações lúgubres
Trazem-nos esperanças.
Ao tocarem as lembranças
Da convivência terrena,
Queremos ser crianças
Em paisagens amenas.
Repletas de divindades,
Vem-nos a saudade,
Ansiamos o reencontro
Nessa cidade.
Tão distante...
Além do alcance humano
Onde um dia,
É um ano.
Livre do veneno
Que existe no terreno
Ensanguentado dos
Seres racionais.
Para lá,
Vai nossa consciência.
Impossibilitada de voltar
Para contar sua experiência.
Sem provar a existência
De tais canteiros de flores,
Eis aqui a penitência:
Aumentar nossas dores
E internas inquietudes
Terríveis virtudes.
A morte é inevitável,
Não importa o quão inabalável
Seja sua fé.
Não importa o quão bem mascarado
Seja o seu temor,
Não importa a sua fuga
Sobre esses assuntos,
Um dia, eu, ele, você,
Seremos defuntos.
Hilton Boenos Aires.
16 – Maio – 2011.
Caruaru – Pernambuco.