Jardim de Vidro
Sou flor colhida em um vaso
Solitário, na penumbra,
Sou flor na paz escondida,
Sou flor que murcha infecunda!
A luz do jardim desejo,
Mas temo poder temer
Aquilo que tanto almejo:
Um dia poder crescer!
Derramar o meu perfume
E mostrar que então existo,
Com a razão de quem assume,
Sem nunca temer por isto!
Ser mais forte que um carvalho,
Não mais ser flor protegida,
Ser molhada pelo orvalho,
Não mais ser flor escondida!
Fosse eu flor de carvalho,
Nunca em um vaso estaria,
Protegida, admirada,
Mas não estaria vazia,
Meu fruto tão rijo fosse,
Porém um fruto eu teria!