GRITO ( poema que constou da CIRANDA DO GRITO)

G R I T O

Grito aflito, ainda repito,

grita em mim pouca alegria

ou em mim, quem grita é a dor.

Grito alegre na alegria

se há no mundo tanta gente,

gente boa, que é uma flor.

Grito de dor, se sinto

jacinto virar pedra, e sem perfume

faltar à rosa,... róseo rubor.

Sem calma, uma alma grita

- medra pedra entre os homens,

no insano altear dos altares,

na sanha do desamor.

Mares que já se agitam,

voz aflita,... e na viola um trovador

na sua trova reprova e cita:

- guerra, desdita humana,

insana, aonde for.

Ame o planeta azul que te abriga.

do poente ao sol-nascente,

na rosa dos ventos, norte a sul.

Grita à turba maldita:

evita ébrios desequilíbrios

- a voz muda da Terra

se grita, é um tsunami...

Os campos são lindos, dos lírios

ao capim que amanhece...

o pássaro gorgeia, depois do grilo,

bate a batuta o primeiro albor.

o orvalho irisa os galhos

o vento já despe a flor

é o dia, é luz e cor.

E eu grito. Que grito?

Os gritos! Que gritos?

- Não ouves, nem mesmo vês!

Canta agora uma alma nua

de um bicho que tronitrua

pelas gentes, pela Lua,

pela rua, na alegria e na dor.

- Esquece!...

deixa gritar o coitado

é só um poeta doente

que anda no meio da gente,

e um dia

vai morrer de gritar...

(Poema escrito para a CIRANDA DO GRITO - a convite de Arlete Piedade - veja links :

http://www.avspe.eti.br/cirandas/grito/indice.html

http://www.saladepoetas.eti.br/novembro/efigenia/index9.html

)