Inspiração

E se o negro que me cobre

me cobrisse para sempre?

Quando escrevo e palavras faltam

que vazio, que vazio!

E a poesia fica entalada

nas paredes da garganta.

Solto um grito seco.

Inútil, insípido.

O dicionário já não me basta,

as cores perdem graça.

As frases desajeitadas

se empilham, finjindo.

Ah, como são falsas!

Ah, como são pálidas!

É chato estar em qualquer lugar

que não seja lírico.

O que faz o poeta

quando não consegue poetar?

Sem as palavras amigas, amantes,

eu sou um mendigo errante.

Sou uma qualquer perdida,

uma flor sem vida.

Algum eu de rimas pobres

e olhos tristes.

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(Vou começar a contar a história das poesias que escrevo, acho que assim posso torná-las mais interessantes para quem as lê)

Escrevi essa quando estava numa época de crise criativa total, e ainda com um incômodo ao escrever, por causa da tendinite.

Alessandra Martins
Enviado por Alessandra Martins em 16/12/2006
Código do texto: T320254
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