silêncio

Libertam-se os pensamentos

livres e leves

farrapos de nuvem

no silêncio

da noite

gosto do silêncio

sempre gostei

permite-me escutar o tic tac

a pausa entre o tic e o tac

entender que o tac tem som de toc

por isso gosto do silêncio

onde se estampa o cloc

da porta que é

muito suavemente

fechada

no silêncio se afaga o rumorejar

da roupa que me veste

e ouço atentamente

o som da malha

da fazenda surpreendente

gosto muito do silêncio

que desvenda

o gorgolejar da água

entre a garrafa

e o copo onde se espraia

belo silêncio

me revela os passos

mansíssimos

sobre a carpete do corredor

a caminho do quarto

onde anseio

pelo ranger ligeiro da cama

pelo murmurar inigualável

dos lençóis onde me esperas

e me aninho a sorrir

Ilona Bastos
Enviado por Ilona Bastos em 17/12/2006
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