silêncio
Libertam-se os pensamentos
livres e leves
farrapos de nuvem
no silêncio
da noite
gosto do silêncio
sempre gostei
permite-me escutar o tic tac
a pausa entre o tic e o tac
entender que o tac tem som de toc
por isso gosto do silêncio
onde se estampa o cloc
da porta que é
muito suavemente
fechada
no silêncio se afaga o rumorejar
da roupa que me veste
e ouço atentamente
o som da malha
da fazenda surpreendente
gosto muito do silêncio
que desvenda
o gorgolejar da água
entre a garrafa
e o copo onde se espraia
belo silêncio
me revela os passos
mansíssimos
sobre a carpete do corredor
a caminho do quarto
onde anseio
pelo ranger ligeiro da cama
pelo murmurar inigualável
dos lençóis onde me esperas
e me aninho a sorrir