Arrepio II

Não se desenha um corpo

com as marcas que hão nele...

nem se delimita o corpo

com os traços que hão nele.

O corpo é uma obra de arte,

um desafio ao olhar do artista,

um mergulhar na sensibilidade

que há intrínseco em seu poema.

O corpo tem sua métrica

seu tempo e também seu ritmo,

não se pode desenhá-lo

se não se obedece esse mecanismo.

Para desenhar o corpo,

o corpo de uma mulher principalmente,

há de se olhar-se dentro dele,

ou melhor quem está por trás dele

a mulher que nele existe

com toda forma e compasso,

para só daí entendê-la claro

descobri-la e depois amá-la.

Arrepio.