Sentimentos em combate

Lá fora chove

Faz um frio atípico e bem-vindo

Aqui dentro ferve

Com emoções se agredindo

Uma luta interior

De proporções épicas

Entre um antigo terror

E novidades benéficas

Uma insatisfação louca

Uma preguiça atroz

A inspiração, pouca

E a necessidade, feroz

Lutam medo e ansiedade

Contra o riso e a vontade

Luta a mágoa, traiçoeira

E a esperança, derradeira

Batalham em meu coração

A virtude e a danação

Guerreiam em campo santo

Meu gozo e meu pranto

E esgotam-se na peleja

Todas as emoções, cansadas

Sem uma a vencer, que seja

Tantas lutas já travadas

Só resta o cansaço, o sono

E meu espanto, afinal

Deste corpo, que sou dono

Sou eu quem repara o mal

Causado por tanto efeito

De tanta emoção no peito

Recolho os feridos e os mortos

Para onde será que transporto?

E findo o serviço, eu canso

Vou dormir, em meu remanso

Pra amanhã recomeçar

A rotina de guerrear

Um leão por dia matar

Cada coisa em seu lugar

Viver, e ainda assim

Sentir, mais sentir, e sonhar.