O Tempo e o Pecado
Sabe aquela voz que você ouve e ninguém mais
te dizendo peca, você não é capaz?
Que invade teu sono e profana teu corpo
mesmo que em sonho você se permita
e deseje então jamais acordar?
Do mesmo lado por onde essa voz assopra,
existe um corpo que também se alopra...
que febrilmente anseia apreensivo,
já se permitindo desde o princípio
deliberadamente se entregar ao escárnio...
Pecado? Sim, pecado!
Bem, não vejo por esse lado...
São só cumplicidades desarraigadas
separadas desde a criação do ser...
humano talvez...
É fogo procurando água!
É flecha procurando corpo!
É o meu à procura do teu...
Não há um senhor pra inquietar tal desejo!
Quiçá um toque, que seja até mesmo um beijo!
E no padecer dessa angustia inquietante,
o único que ainda prevalece é o tempo...
E enquanto o tempo se exibe triunfante e austero
os corações apenas continuam a trabalhar...