Mil versos na ilha da solidão
Quis escrever mil versos
Na ilha da solidão
Quis me entregar ao abandono
Com a calma
dos que não têm pressa de existir
Quis esquecer os medos
Quis contar um segredo
Que todos já se cansam de saber
Quis não sentir saudades
Quis me morrer e quem sabe
Renascer melhor
Nascer poeta de verdade
Não sentir sede
O gosto seco e amargo
De quem dormiu com a boca aberta
Na ilha da solidão
Me perdi num sonho louco
Me desfiz aos poucos
Escorreguei pela areia
Pra me afogar no mar
Me guiei pelo cheiro
Da espuma das ondas
Enquanto caía a noite
Aquele meu eterno pôr-de-sol
Dormem lentamente
Os versos que te fiz
Chorei por eles e por ti
Pelos beijos que te polpei
Pela solidão que escolhi