Malditos
Malditos os que se deleitam com a desgraça alheia
São vermes mais repugnantes que os da putrefação
Pois fazem parte de uma horrenda e grande teia
Cujos fios são entrelaçados com dor e decepção.
O rancor lhes preenche a alma escura e vazia
E, para existirem, precisam, de outrem, da tristeza
Pobres diabos sem luz própria que a nada alumia
Mas se fazem de astros reluzentes de avareza.
A esses seres desprovidos de qualquer humanidade
Resta apenas a divina, justa e infalível piedade
Pois aqui na Terra hão até de colher muitas flores
Mas sentirão em suas entranhas espirituais as dores
Todas que causaram com alguma fútil razão de ser
Apenas por puríssimo, vingativo e sádico prazer.
Cícero – 03-11-11