A única saída / Inconformismo do poeta

A ÚNICA SAÍDA

Cansei das loucuras que nunca fiz

E de todos os desejos que apenas contive.

Covarde! O que não se arrisca não vive

E cada vez mais fica difícil ser feliz.

Deixar de lado os impulsos é necessário

E ao Amor ter exclusiva dedicação

Pois ele não é de forma alguma mercenário

Não merecendo, portanto, nenhuma profanação.

É doloroso demais resistir ao instinto

Mas é preciso fazê-lo apesar do sofrer

Porque a vida é também um grande labirinto

Onde certamente é melhor não se perder.

E já que esta é mesmo a única saída

Para o túmulo leve-se então este conflito

Pois a morte é o descanso da dura lida

Do qual sair-se-á apenas ao chamado de Cristo.

Cícero – 08-12-09

INCONFORMISMO DO POETA

Sossega, poeta, o teu coração aflito

Não podes tu mudar o mundo

Nem fazer o que há em teu peito profundo

Cala-te, portanto! O silêncio também é bonito.

Conforma-te, poeta, com o mundo tal como é

Não podes torná-lo como em teus sonhos deseja

A humanidade parece que a nada almeja

E o que ainda a têm fiam-se apenas na fé.

Mas tua alma, dos loucos tem a instabilidade,

E morre, depressiva, se não estiver em guerra

E lutar sempre é a tua sanidade.

Não irás conformar-te nunca nesta terra

Fica, pois, com tua dúvida existencial

E acostuma-te com o teu trágico final.

Cícero – 06-12-09

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 16/11/2011
Código do texto: T3339241
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