Sem Título
Sem nada a declarar, nem inspirações para escrever
Nenhum compromisso para lembrar, sem memórias para esquecer.
Sem dinheiro para pagar, nenhum caminho a percorrer
Sem asas para voar, nem fantasmas a temer.
Sem a Lua para iluminar, sem o Sol para aquecer
Sem título para te dar, ó poesia que estou a escrever.
Sem amor para recordar, nem desamor para esquecer
Sem um deus para exaltar, nem explicações para entender.
Sem mistérios a decifrar, nem demônios a temer
Sem um abrigo para morar, sem tempo a perder.
Sem motivos para chorar, não há lágrimas a escorrer
Sem as mãos para tocar, nem os olhos para ver.
Sem pulmões para respirar, sem coração para bater
Sem emoções para expressar, nenhum crime a cometer.
Sem razão para pensar, sem moral para julgar
Sem destino para traçar, sem labirintos a se perder.
Sem mentiras para contar, nem verdades a esconder
Sem título para te dar, ó poesia que estou a escrever.