O troco

A vida é tão corrida

Que mal dá tempo geralmente

De viver a vida

Obedece-se ao relógio integralmente

Esquece-se até de uma dolorosa ferida.

É o trabalho que precisa

A todo custo ser cumprido

Sem tempo para sentir a brisa

Até o prazer é esquecido

E a recompensa ao existir apenas visa.

Sem que o dinheiro, no entanto,

Por completo o satisfaça

Pois junto com o sorriso traz o pranto

Alimenta a cobiça, traz riqueza e desgraça

Satisfaz o ego e causa desencanto.

Quando se percebe que tudo foi em vão

E o Dono do Estabelecimento traz a conta

Vem o desespero, vem a desilusão

Acha-se o preço uma verdadeira afronta

Mas o débito é pago debaixo do chão.

Aceita-se como troco a Morte

E paga-se o viver com a própria vida

Por vivê-la de forma tão corrida

E muitas vezes sem um correto Norte

Resta apenas o não restar saída.

Cícero

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 25/11/2011
Código do texto: T3355930
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