Homens

No mais longínquo recanto

Escondidas sob nebulosas de ambigüidade

Recobertas de perfidioso manto

Estão a ignorância humana e sua sagacidade

Do mecanismo hospedeiro

Destruindo-o por inteiro.

O homem é eterno dualista

E antiteticamente intrigado

Quer ir ao fim, mas da pista

Nem ao mísero meio é chegado

Vai lento em seu continuar inalterável

Porém, o fim parece inalcançável.

Admira o homem o que não alcança

E não vê na sua mão espalmada

Aquela que clama para ser vista – a Esperança

Que é querida e tão esperada

Mas só crê o homem no que lhe provoca

E a sua salvação ele mesmo sufoca.

Fala o homem do ódio e do amor

Das trevas e dos céus inexplicáveis

Ou criam teorias do caos e do horror

Fala tanto de coisas deploráveis

Fala do ouro e do bem material

Esquece-se de si – a Jóia Universal.

Materializa coisas e lapida materiais

Que mesmo por suas diversas consistências

Não resistem aos golpes colossais

Dados por mãos carregadas de inconsciências

Homens – zombam das palavras de azar ou sorte

Mas as temem, como temem a própria morte.

Homens – dizem-se auto-suficientes

Mas têm que se prender a qualquer coisa que seja

Mesmo que seja a seus egos deprimentes

Que vêem nada além do que a seus olhos viceja

Homens! Homens! Inúteis todas as suas explicações

E mesmo refugada talvez só a poesia iluda seus corações.

Cícero

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 26/11/2011
Código do texto: T3357743
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