Homens
No mais longínquo recanto
Escondidas sob nebulosas de ambigüidade
Recobertas de perfidioso manto
Estão a ignorância humana e sua sagacidade
Do mecanismo hospedeiro
Destruindo-o por inteiro.
O homem é eterno dualista
E antiteticamente intrigado
Quer ir ao fim, mas da pista
Nem ao mísero meio é chegado
Vai lento em seu continuar inalterável
Porém, o fim parece inalcançável.
Admira o homem o que não alcança
E não vê na sua mão espalmada
Aquela que clama para ser vista – a Esperança
Que é querida e tão esperada
Mas só crê o homem no que lhe provoca
E a sua salvação ele mesmo sufoca.
Fala o homem do ódio e do amor
Das trevas e dos céus inexplicáveis
Ou criam teorias do caos e do horror
Fala tanto de coisas deploráveis
Fala do ouro e do bem material
Esquece-se de si – a Jóia Universal.
Materializa coisas e lapida materiais
Que mesmo por suas diversas consistências
Não resistem aos golpes colossais
Dados por mãos carregadas de inconsciências
Homens – zombam das palavras de azar ou sorte
Mas as temem, como temem a própria morte.
Homens – dizem-se auto-suficientes
Mas têm que se prender a qualquer coisa que seja
Mesmo que seja a seus egos deprimentes
Que vêem nada além do que a seus olhos viceja
Homens! Homens! Inúteis todas as suas explicações
E mesmo refugada talvez só a poesia iluda seus corações.
Cícero