A metafísica da felicidade
Ser feliz é uma mentira enorme
Posto que “ser” pressupõe eternidade
É, portanto, uma afirmação disforme
Já que eterna não é a felicidade.
A felicidade é um estado de espírito
E “estar feliz” seria o mais prudente,
O mais correto para ser praticado e dito
Pois “estar” não dura eternamente.
Deus, ou uma entidade superior que seja,
Existiu, existe e existirá, sendo, pois, eterno
Mas a felicidade a que todo SER almeja
Age como o sol nos dias frios de inverno.
A felicidade vem e passa, passa e vem,
É um doce vento, uma suave brisa
Que nos acaricia a face como ninguém
Mas, indo, é tempestade que inferniza.
A felicidade não sobrevive estando presa
Ela deve ser merecidamente conquistada
Do contrário liberta-se feroz e como defesa
Deixa a angústia do remorso a ser chorada.
Talvez, ao ser humano, o mais incognoscível
Seja não estar feliz, mas ver a felicidade alheia
Como, de si próprio, esgotável combustível
Para continuar o caminho nesta vida-teia.
Quem queira repudiar este metafisicismo
Por gosto ou por incapacidade cognitiva
Deveria saber mais do Mário Quintanismo:
- A função do poeta é deixar a dúvida viva.
Cícero