A metafísica da felicidade

Ser feliz é uma mentira enorme

Posto que “ser” pressupõe eternidade

É, portanto, uma afirmação disforme

Já que eterna não é a felicidade.

A felicidade é um estado de espírito

E “estar feliz” seria o mais prudente,

O mais correto para ser praticado e dito

Pois “estar” não dura eternamente.

Deus, ou uma entidade superior que seja,

Existiu, existe e existirá, sendo, pois, eterno

Mas a felicidade a que todo SER almeja

Age como o sol nos dias frios de inverno.

A felicidade vem e passa, passa e vem,

É um doce vento, uma suave brisa

Que nos acaricia a face como ninguém

Mas, indo, é tempestade que inferniza.

A felicidade não sobrevive estando presa

Ela deve ser merecidamente conquistada

Do contrário liberta-se feroz e como defesa

Deixa a angústia do remorso a ser chorada.

Talvez, ao ser humano, o mais incognoscível

Seja não estar feliz, mas ver a felicidade alheia

Como, de si próprio, esgotável combustível

Para continuar o caminho nesta vida-teia.

Quem queira repudiar este metafisicismo

Por gosto ou por incapacidade cognitiva

Deveria saber mais do Mário Quintanismo:

- A função do poeta é deixar a dúvida viva.

Cícero

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 01/12/2011
Reeditado em 09/05/2017
Código do texto: T3367382
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