O homem que não ria

Era uma vez um homem de cujos lábios

Rarissimamente escapava algum riso

Tinha, silencioso e arrogante, o ar dos sábios

E deles também a estupidez do siso.

Aos que lhe cercavam, meio termo não cabia

Portanto, tinham-lhe indiferença ou admiração.

Mas por trás daquela muralha apenas se escondia

Uma enorme e insaciabilíssima solidão.

Os dias de sua vida se foram indo assim

Extremando-se entre as coisas da existência

Até que sua própria existência chegou ao fim.

Ao velarem o corpo no esquife postado

Algo incomum notaram em sua aparência:

Um largo sorriso em seus lábios estampado.

Cícero

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 02/12/2011
Código do texto: T3368430
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