Sementes, brotos e árvores / Máscara / Patéticos

SEMENTES, BROTOS E ÁRVORES

Hoje reli um velho caderno onde achei nomes e endereços

Foram sementes de amizade plantadas no árido terreno da vida

No entanto, como não foram devidamente cuidadas

Ficaram apenas na fase de brotos pequenos

E brotos pequenos não resistem por si só aos descuidos.

Portanto, quem planta e não rega a terra em que plantou

Não pode reclamar se os pequenos brotos

Não chegaram a carvalhos fortes

Pois colhemos aquilo que plantamos;

Porém, o terreno da vida, mesmo que árido,

É longo e está cheio de sementes

À espera de serem plantadas

À espera de tornarem-se árvores.

Cícero

MÁSCARA

Hoje me deu uma vontade de chorar

Mas as lágrimas, quando fui procurá-las,

Elas não estavam onde deveriam estar.

Minha tristeza completar não pude

Engoli-la em seco foi o que me restou

Além de pôr a máscara da realidade que tanto ilude.

Cícero

PATÉTICOS

Patético!

As engrenagens sociais fedem

A aço gasto e a carne putrefata

E imploram e clamam e pedem

Justiça e paz para tornar pacata

A realidade que nos desacata.

Socorro!

Gritam plangentemente

Quem a máquina toda sustenta

Mas ouvidos moucos faz a gente

Que a máquina controla de forma lenta

Apertando botões, usando canetas e rindo da gente.

Patético!

As providências que tomam visam apenas

A perpetuarem-se no poder

Muitas vezes são ações tão amenas

Que o efeito é o contrário do que deveria ser.

Socorro!

Suas palavras dizem somente o oposto

Do que querem que aconteça de verdade

O errado para a máquina é o certo visto com gosto

Para quem a controla com medo de ser deposto.

Patético!

Não adianta pedir socorro aos ventos

As engrenagens serão destruídas

A máquina ruirá inevitavelmente e com lamentos

Mas os donos continuarão, patéticos, rindo de nossas vidas!

Cícero

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 04/12/2011
Código do texto: T3371740
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