Sono
Estou com sono
Mas não quero dormir
Tenho medo do abandono
Que com o escuro há de vir.
Fecho os olhos de cansaço
Mas enxergo bem o perigo
Vejo que não há espaço
Para o sincero e verdadeiro amigo.
O repouso é uma necessidade
Pelo medo destruída
De não ver amanhã a comodidade
Satisfeita pela existência embrutecida.
De que vale então, cansar-se
Em troca de tão pífio dia-a-dia?
Por que não entrar em estado de catarse
E descobrir-se mais forte que a humana hipocrisia?
Chega! O sono venceu a mim.
É preciso vencer o medo e dormir
Pois o escuro é só o princípio do fim
Do que nunca saberemos em nós existir.
Cícero