Meus “is”

Próximo de terminar a tinta

Assim é a vida a escrever suas linhas

Marcas deixadas como últimas palavras-borrões

pressionadas e lidas pela intuição

Meus olhos, como dois balões,

flutuam por entre manchas desprezadas

— meras falhas —

de insuspeitada beleza artística

Resgatando à alma em silencioso motim,

a nobreza da morte em vida de não ser o fim

Ainda que tente — tal qual lugar-tenente —

me falta a voz de comando ao exército de tinta que corre como sangue

Exangue tenho uma carta, não na mão,

mas no coração

onde molho a ponta de minha pena invisível

Com ela escrevo o que me atrevo

ser a carta que me lembre o que há em mim

Mais tarde quando já não haverá mais tempo

olharei por entrelinhas tortas

perceberei que todas as extraviadas palavras

não mais serão do que os pingos nos meus “is”

leandro Soriano
Enviado por leandro Soriano em 06/01/2007
Reeditado em 07/01/2007
Código do texto: T338133