Infinito
Quero escrever mais,
Quero mais uma dose de Drummond,
Byron e Cruz e Sousa.
Quero escrever sem fim
Sem ter a convicção do limite.
Quero escrever da mesma forma
Como Deus criou o Universo,
Tecer uma rede em um âmbito infinito
E mesmo assim ter uma conclusão.
Cada letra, tijolo por tijolo,
Cada sentimento, alma,
Nojo, prazer.
Tudo ao abraçar-se com o Nada,
Porque o Nada sustenta o Tudo.
Pois Tudo não é Nada
E Nada é Tudo.
Cada centímetro de palavra
Equivale a um sentimento
Em estável plosividade.
Ser poeta é ser um fugitivo
Que grita bem alto
Só para ser avistado e procurado,
E nessa busca desenfreada,
Corre, corre... Pra onde?
Para o Nada, para o Tudo.
Talvez, para encontrar um arbusto
Para assim se esconder ou
Transitar por entre um asfalto
Pesado e sem honra.
Se estirar ao céu e gritar:
"Sou eu quem vocês querem!"
Ser poeta é conhecer Deus
Sem enxergar sua face.
Ser poeta é conhecer o Universo de verdade,
Pois este é infinito, assim como nossos sonhos.