o silencio das arvores
o silencio das arvores
o luto do caule e a
seiva que escorre
o simples suspiro
das folhas que se movem
com o vento que passa
e não para
o raio ilumina na tempestade densa
a silhueta das varias
sentinelas presentes
e irritantemente estaticas
se entregam ao vento
se entregam ao destino denso e frio
como suas copas e a infinita
terra umida
e os frutos que caem
e as flores que nascem
e a terra infinita
enterra raizes e
corpos apodrecidos
o alimento e o chão
o silencio das arvores
é o silencio do tempo
é o silencio de um parente
ja morto
e o grito emitido em vão
e mesmo esquecido
em tempos de berros e uivos
descontrolados
o silencio das arvores
é mais insurdecedor
que nosso falso grito
de liberdade e guerra
e enquanto
homens e santos
e anjos e demonios
lutam por tudo que há acima da terra
as arvores respondem
com o silencio
feito de madeira
fria e simplesmente
indiferente