O nu...

Se bem não me lembrasse da última vez que nos vimos,

tenho a sensação de que estás presente.

Tenho essa nuance em mim

que corre polo meu corpo

como que em corredores e salas desabitados.

Por vezes, tua memória traz em mim o teu cheiro

que me assoma como a brisa marítima

que ventila todos os espaços do aposento

e te juro que, quando te lembro,

os versos me saem tão naturais que...

não me sinto sozinha.

Por isso me dispo de todas as minhas roupas,

visto-me das fantasias mais imorais,

imagino os beijos mais ardentes

e calculo diante do espelho a pose mais bela.

Meu corpo nu é um poema...

e é engraçado concebe-lo tão singelo.

Meu corpo nu é o tema

desenhado, esquadrinhado, idealizado

num eu lírico que se desenfreia

mas que tem consciência de suas limitações.

Mesmo assim a tua falta faz desenhar essas imagens.

Porque hoje eu não estou mais triste... estou feliz.

Eu sei que voltas, querido.