PARIDO
Mergulhado estava em águas primordiais
Respirando salados líquidos
Envolto em membranas abissais
Em tecidos abdominais
Andava eu aos trancos e saculejos
Ouvindo o mundo pulsar do lado de fora
Aquilo sim era prazer
Mais que mil orgasmos múltiplos
Em fétidas camas de motel
Mais que os sorrisos de mil palhaços
O calor envolvia-me por dentro e por fora
Mesmo assim desejava sair
Ser vomitado das bocas que falavam de mim
Hoje eis-me aqui
Já não faço parte sou apenas parido
Vazado de pernas que me abriram passagem