Choro no Exílio

Ainda vivo...

Ainda vivo, estranhamente!

Coração envelhecido,

Espírito adormecido

Amargando na distância a dor de meus frutos

No abraço diário de minha ausência

Neutralizado nesse templo de inexistência

Porões de silêncio aplacando meus gritos de desespero

Inimigo no encalço de minha vida

Passos rastreados por olhos de serpente

Ainda vivo, apesar das oportunidades

Paciência - imposição da esperança

Filhos do esquecimento

À deriva em barco sem condutor

Delirando em vislumbres de sonhos infindáveis

O levante de uma terra de democracia

Num país de vozes sufocadas

Fuga desesperada na madrugada

Nostálgicos sussurros em minha cabeça

Ardente desejo de voltar

Perfume a impregnar-se nas narinas

Uma porta que não se abre,

Impassível ao tormento de minhas batidas

Frio e insônia a embriagar minha aurora

Locomotiva de tristeza a transportar-me

Para além das fronteiras de infinitas terras

Aonde a solidão somente é meu legado

Aonde aguarda-me o ozônio de minha fé

Isaque
Enviado por Isaque em 24/01/2007
Código do texto: T356804
Classificação de conteúdo: seguro