As inquietudes das Palavras

Talvez agora,
Eu devesse mesmo calar a boca
Quem muito fala
Fala tanto que às vezes inventa
Palavras sem sentindo
Palavras tortas
Que como lanças sem destino
Acabam atingindo
Um que estiver distraído a sua volta...

Mas quem se importa?
Quem?

Se for eu quem fala
Se for eu quem escreve
Se for eu quem prepara
Essas palavras letárgicas para seus enterros...


As palavras dentro de mim
Nem sempre responsáveis por si
Muitas vezes
Vem em mutirões rompendo o cerco
Batendo com os pés a porta
Como mulheres apertadas para fazer xixi
A porta de um único banheiro
E por isso muitas vezes elas gritam!
E por isso muitas vezes elas berram!
E eu nada mais faço que
Gentilmente abrir-lhes a porta...