Rascunho de mim...

A princípio meramente um borrão de minh’alma...

Uma centelha quase apagada daquilo que fui...

No papel branco, incólume e sem marcas...

Traços precisos se sucediam, como um filme...

Era o desenho de mim que teimava em surgir...

Um testemunho débil daquilo que fui outrora...

E tomava forma, aquele esboço fraco, sem cor...

Apenas pela força de um sentimento...

Ali surgia pelo traço do desenhista, meu rosto...

Cansado, sofrido, desgastado pelo tempo...

E ainda sim, também podia se ver um olhar inquieto...

Olhos pequenos e expressivos de intensidade ímpar...

Podia se ver um breve sorriso nos lábios...

Cavanhaque embranquecido em contraponto ao rosto de menino...

Dava-me um ar de anos de mistérios...

E os óculos na ponta do nariz concedia seu ar de sabedoria...

Os cabelos grisalhos surgiam então aos poucos...

Revelando a maturidade alcançada pela vida...

O artista, com seu lápis, acaba então por desenhar um sentir...

Um amor contido, de muitos anos perdido, naquele rosto...

Naquele rosto, recém desenhado e inacabado...

Estava desenhada a minha própria face...

Olhando-me ainda que incompleta...

Quando me atenho a ela, pergunto-me...

O que está me faltando, meu Deus?

O que devo ainda esperar desta vida?

Será o artista vai terminar seu trabalho?

Por quanto tempo eu ainda olharei para o rascunho de mim...?

Marcelo Scot
Enviado por Marcelo Scot em 15/04/2012
Código do texto: T3613266
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