Olhos Profundos

Olhos profundos,

Estão olhando por cima de meus ombros,

Contado-me ao pé do ouvido,

Histórias de terror e lágrima.

Sentimentos intensos,

Doloridos,

Vividos até o extremo,

Quando remexidos,

Parecem voltar.

O estalar do peito,

Suspende o silêncio,

Misturado com o ecoar das palavras,

Gritadas no quarto escuro,

Pela luz ofuscante de uma tela em branco.

O turbilhão de dor,

As feridas sagram todas ao mesmo instante,

Como se feitas agora,

Parecem não terem hora para parar.

Saudades de um tempo longe,

Passado há tanto custo,

Pensei que nunca fosse querer voltar.

Esses olhos grandes e profundos,

Fazem valer o segundo eterno no escuro,

Fazem –me ter novamente medo de falhar.

Estou na muralha,

Construída a duras penas,

Por desgostos unidos com um objetivo,

De nunca mais sentir a dor:

De não ser quista,

De não ser querida,

De não ser amada,

De não ser vista.

Parece congelada,

Distante de qualquer sentindo,

Qualquer motivo,

Para tentar.

Esse processo longo,

De autodefesa, autocontrole,

Demasiadamente demorado para funcionar.

E agora funcionando,

Tudo certo, sem rachaduras ou espaços,

Parece ter perdido o sentindo,

Não há mais motivos,

Ou inimigos para defender-se,

Para fugir,

Para esconder-se.

Por que tudo isso mesmo?

Não tem nada aqui dentro,

Não ouço mais passos ou batidas,

Tristezas ou alegrias,

Será que estou morrendo?!

Será um vazio?!

Será o fim?!

Os olhos profundos, me dizem que sim...