Inspiração
Sinto às vezes a inspiração
Como uma nuvem
Que de repente escurece
E desaparece
Na escuridão.
Ela vem e me enche
De idéias belas
Como se fosse cair em poética tempestade
Mas às vezes na verdade
A nuvem se desenche.
E se desmancha em fúteis vapores
Que se espalham pelo imenso cosmo
Em busca de quem a prenda
E com ela aprenda
A se livrar das dores.
Mas é ela quem sempre prende
Ou que às vezes abandona
Sem saber sequer por onde
Se de trem, ônibus, avião ou bonde
Mas ela sempre vem e surpreende.
E é naquela hora
Em que menos se espera
Que ela age feroz
E soltando sua voz
Transforma-se em versos d’outrora.
Mesmo assim, porém,
Ainda teimo
E por vezes a espero
Só lembro que a quero
Mas esqueço que não é de ninguém.
Cícero – 12-10-95