As ilusões massacram

AS ILUSÕES MASSACRAM

Intensos sonhos me lotaram a infância,

Eram inocentes, lindos, magistrais,

Na adolescência, me aguçaram a ânsia,

Como a tortura, me marcando mais.

Foram aventuras vis, sem importância,

Que me ofuscaram o que ficou pra trás.

Tornei-me adulto e inconseqüente. Enfim,

Passei a vida a procurar vitórias,

Entre ilusões contidas, só em mim,

E acumulei derrotas meritórias,

Que me brindaram com o pavor do fim,

Trazendo o medo, sempre, nas histórias.

Agora, até o sonho me apavora,

Com as verdades que o mundo traz,

Vejo ilusões perdidas exploradas,

A convencer o jovem, ser capaz,

De conseguir as coisas adoradas,

Tal qual o sonho de quem busca a paz.

As ilusões? Massacram minha vida.

Deleito, agora, em sonhos sepulcrais.

Por quê? Minhas vitórias foram consumidas,

Pelas derrotas que perduram mais.

Com as esperanças, tênues, destruídas,

Viver? Confesso, não pretendo mais.