decisão
Ecoa das trevas de minha alma tão ferida e conturbada, grito forte de lacinante dor, antes profundamente abafado. Descrevo uma insuportável dor de morrer por sofrer. Sofro então sem querer, embora seja um puro e tolo sofrer.
Pergunto se é loucura esta dor. Quem sabe seja maldição sofrer de medo. Quem sabe seja castigo, se punir por tão pouco. Afinal, o que é a vida se não muito sofrer, entremeada por leves e satisfatórios pitadas de pueril felicidade e paz . Para alguns afortunados, até que as apitadas são mais intensas e doradouras. Mas estes também sofrem.
Sofrer é aprender. Afirmam alguns ditos sábios. Que conhecimento insuportável pode ser. Não gostaria de assim aprender. Porém, tão pouco quero me render às trevas do medo e da ignorância. Não quero mais gritos lacinantes ecoar, causados por sensação de sofrer de modo tão horripilante. Horror de fato, constituído por intenso medo. Questiono: medo de quê? Simplesmente de viver.
Passo então à atitude de lutar em entregar-me à vida. Intensificar as construções e menorizar as destruições. Evitar rememorar as decepções e comemorar as realizações. Quero então não perder mais tanto tempo e manter-me ameaçado em acabar fácil em eternas lamúrias.
Enfrentar esta luta com fúria, mas sem sem apagar a ternura. Manter viva a chama do amor e paixão. Experimentar com mais ardor o sofrimento da vida, intensificando a luta por salpicos de frugal alegria e pueril harmonia.