Amada e Imortal
No caminho, que nem sempre faço
Eu me deparo com poesias.
Poesias esculpidas,
encrustadas, gravadas em concreto,
Das paredes por onde passo.
E ainda ontem, eu me lembro...
Ainda ontem mesmo, me diziam:
“Poesia é banalidade.”
Talvez para alguns ela seja,
Não serei poeticamente radical,
A poesia não é imposição,
Poesia é expressão.
E para a poesia tocar,
Há de se ter algo a ser tocado.
Um amor, um segredo, um desejo,
Uma alma aberta, exposta,
Que busca resposta
A qualquer sentimento que seja.
A poesia não é unanimidade,
Nem só humanidade.
As vezes concreta, as vezes etérea,
simbolista ou apenas efemera...
A poesia possui vida própria,
Um gênio indomável.
Não nasce quando o artista deseja,
surge somente como e quando ela quer.
E quando faz a escolha de se derramar nas folhas,
é impossível contê-la,
Transborda em forma de letras,
é do mar, o próprio Oceano.
E se muitas vezes o poeta não angaria trocados,
E o alimento e alento que sacia sua alma,
A alma insaciável do poeta,
não lhe poe o pão sequer, em sua mesa.
É verdade, sim muitos foram os poetas
Que viveram seus dias esfomeados.
Mas é um fato comprovado,
Se não lhe enriqueceu em vida,
Ainda assim é capaz imortalizá-lo.