Um tolo!
Ah, meu ego é uma prostituta.
Uma vadia maquiavélica que sempre quer ganhar
Uma armadilha para si e para os seus
Um buraco negro sem limites
Ah, como é desastroso e ambicioso.
Um velho trambiqueiro despudorado
Um apostador desvairado
De sorte em sorte se compraz
Meu ego é um marinheiro cachaceiro
Que nem pensa em naufragar
Sempre, sempre quer avançar.
Esse meu ego tem conserto?
É um menino encrenqueiro
Uma vizinha a fofocar
Ele hora é malicioso
Sempre a desafiar
Um saco que nunca enche
Uma mente inquieta
Uma ansiosa donzela
Uma velha a reclamar
Esse meu ego quem o sustenta?
É a vaidade ou a loucura?
De onde ele tira tal usura?
Vive para regalar-se
Este meu ego agudizado
Inflamado pela luxúria
Movido pela fama
Que imagina possuir
Este ego pervertido
Arredio e inconsequente
Que faz tudo para se constituir
O que queres atingir?
Vou adestrar-te com rigor
Colocar-te num cativeiro
Para humilde tornar-te
E translúcido evoluir, talvez!