AVENIDA

AVENIDA

Caminhando pela avenida

Vou testemunhando a vida

Que acorda agitada

Nessa pós madrugada

Entre as duas pistas de asfalto

Reinam árvores variadas

Tomadas de assalto

Pela passarinhada

Um cheiro de café paira no ar

Vindo de uma padaria

Que neste raiar do dia

Está repleta de despertar

O céu está azul avermelhado

O ar meio opaco

Como queima de tabaco

Os olhos lacrimejam, achinesados

Carros passam sem parar

Com pressa de chegar

A poeira se levanta

Até onde a vista alcança

Uma turma dorme sob uma marquise

Indiferente ao movimento

Ouve-se apenas um lamento

Dessas vidas em crise

Crianças pela calçada

Indo pra escola

Com a cara amarrotada

E minhocas na cachola

Movimento na delegacia

Começa mais um dia

De problemas animais

Provocado por racionais

Sirenes tocam intermitentes

E lá vem mais gente

Presa e algemadas

E outras assaltadas

Passam senhores e senhoras

E cumprimentam educados

Diferente dos jovens de agora

Grande parte mau educados

Passa um carro de som

Muito acima do tom

Nessa hora da manhã

Com mais promessa vã

Volto de deixar a neta na escola

Pedindo a Deus uma esmola

Que me permita assistir

Minha neta no porvir

Chego dessa curta viagem bela

Sento a frente da tela

Não vejo mais a avenida

Apenas a estrada da vida

Escrevo sobre essa aquarela

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 19/09/2012
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