O dia da Rosa

Da divisão de um elemento, nasceu um grão

e na sinergia da sua partilha criou energia

e na força de tudo aquecer, superou o vulcão.

E naquele momento, surgiu a cobiça de tudo poder

calando a boca de toda malícia num amanhecer.

se o sonho era doce, se havia orvalho ou alvorecer

mil olhos fecharam, mil corpos queimaram no entardecer.

No ventre do enola com nome infeliz

pariu um menino e empinou o nariz

rasgando o céu com toda sua fúria

despeja seu feto, infame decreto, delével juiz

Um som estridente dissolve a matéria

a pele que queima e o réu dilacera

só resta a história em foto distante

deserto opulento de perda gigante.

O poeta escreveu em verso e prosa

que o tortulho de dor e morte leprosa

não era um horror, era imagem de rosa

2005-08-01

Em 6 de agosto de 1945 às 8:15 da manhã, quando o avião apelidado de "Enola Gay," bombardeios B-29 que voando sobre Hiroshima, abriu a comporta e deixou cair sobre a cidade a bomba conhecida como "Little Boy"

Rosa de Hiroshima

( Vinicius de Morais )

Pensem nas crianças

Mudas telepáticas

Pensem nas meninas

Cegas inexatas

Pensem nas mulheres

Rotas alteradas

Pensem nas feridas

Como rosas cálidas

Mas, oh, não se esqueçam

Da rosa da rosa

Da rosa de Hiroshima

A rosa hereditária

A rosa radioativa

Estúpida e inválida

A rosa com cirrose

A anti-rosa atômica

Sem cor sem perfume

Sem rosa sem nada.