Teatro, arte e verdade.
“Às vezes me percebo encenando a minha vida
Tentando recriar algumas partes,
Talvez uma maneira de cicatrizar feridas...
Para certas coisas na vida não há ensaios
Às vezes me perco entre traços, desenlaces
A arte é uma rede em balanço para o meu cansaço
Se um dia eu duvidei, hoje acredito
A saudade é feito bala sem destino
Ando por ai recolhendo afetos em olhos
Distantes, dispersos, de vez enquando tropeço
E me vejo diante de vontades que nem eram minhas
Dobro a esquina e já tenho filhas sobrinhas
Uma casa um lar, uma nova família... Caio em outra viela desta peça
Agora estou apenas comigo mesmo de novo ligo o rádio e ouço uma velha canção
Um conforto pra esta alma em frangalhos sou só eu e minha solidão
Desligo o som, fecho os olhos estou de frente pro mar
Lembro de nós, quando nos conhecemos e tudo que mudou
Mudou a vida, sim a minha vida
Abro os olhos e percebo que as cortinas estão se fechando
Faço um pedido em pensamento desejo apenas que tudo
Continue no lugar, as flores, as fotos os beijos
Sinto seu perfume em uma roupa minha que não havia lavado
Percebo como as coisas passam às vezes muito rápido
Não existem inocentes nem culpados
O tempo vai passar e ficarão apenas folhas amarelas de
Um velho diário, fotos, porta retratos engavetados...
A vida muitas vezes é feito teatro, então se acomode bem...
E bom espetáculo!...''