Fala

Explicar o paradoxo

Justificar o imperdoável

Sorrir quando se quer chorar

Chorar quando se quer apenas sorrir

Esse rosto cheio de expressão.

Essa face repleta de sentimento e tinta.

Carvão, grafite e cristal.

O carvão denuncia o desenho.

O grafite a sutileza da escrita.

E o cristal revela o brilho do sol.

Sombras que não são cinzas.

Azul que é ardósia ou esquecimento.

Amarelo que é ocre ou ouro velho.

Cores são sintomas de vida.

Sons são ritmos da vida.

Falas são expressões de vida.

Palavras secretas, senhas, parábolas.

Resumo, síncope e siglas.

Indicações, medições e inexatidão.

Tudo tenta conter

e medir o infinito.

E falha... inexoravelmente falha.

Olhos falham.

Mãos tateiam o significado indecifrável

da realidade.

A mímica absurda representa a fala.

Corpos perambulam por caminhos bêbados

de semântica abstrata.

Existências colidem

com o átomo e o pensamento.

E as explicações não servem mais.

Não solvem os problemas.

A didática é torpe.

Pressente o inatingível mas não desiste.

Suspeitas levam à condenação.

À masmorra.

À tortura.

E o silêncio como a redenção

corta as amarras ao cais.

Quebra o grilhão e o espartilho.

Suprime a sela e a chibata

Quebra a gaiola da civilidade.

O silêncio explica o paradoxo.

Convidando a reflexão

sobre as certezas transbordantes

do mar da insensatez.

Então, o paradoxo explica-se sozinho.

O imperdoável justifica-se sozinho.

O sorriso chora e

As lágrimas sorriem.

A solidão tem respostas.

O mar recolhe o sal das lágrimas.

Reflete o azul do céu.

E, por osmose é azul e infinito.

Por osmose somos signo e significado.

Dois contidos em um.

Como num encaixe metafísico

no mosaico lógico.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 10/12/2012
Reeditado em 10/12/2012
Código do texto: T4028387
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