Tanto tempo
José era assim
[meio seco, como quem tinha medo de sentir].
Já Maria por inteira
[só sabia sorrir, vezes olhava de canto].
Mas no fundo eram os dois amantes, filhos da noite;
Daquela selvageria inata, quase que coisa distante.
Não aprenderam a ler nem escrever e sim a viver, amar
Desde cedo descobriram o que era O orvalho, a seca
O que o corpo pedia, resultado da fome
Desejo da alma, alimento de cada dia.
No encanto matutino, do ribeirinho da fazenda
Questionavam se queriam ser, pertencer
E faz tento tempo que já nem me lembro mais;