PEGADAS DE CARMIM

Que comiseração e aflição me atormentam

Daqueles que só andam calçados

Que não arriscam seu pé nu ao chão

Que desaprenderam a sentir

E andam apenas bardados

Prefiro sentir a grama fresca sob os pés

A terra úmida os envolvendo

O seco asfalto em brasa

E as agulhadas das pedras pontiagudas

Mesmo que venha a dor

Pois ela faz lembrar que sinto o mundo

E que não sou apenas um transeunte anestesiado

Não me importo em os pés cortar

Não me importo em me ferir

Não me importo em sangrar

Só me importaria em nada sentir

Só me importaria em perder os simples prazeres

Para escapar às inevitáveis máculas da estrada

Por isso ando…

Descalço e despreocupado

Deixando minhas pegadas de cor escarlate

Que ficam no passado