HORIZONTE ABSTRATO

O dulçor amaldiçoado de uma percepção abstrata

Navega muito mais longe que uma mente descontínua constata

Sentir a torta, imparável e inintendível fábrica da realidade

Compreender que produz muito mais do que uma inerte verdade

Verdade que plana no cosmos e que atravessa nossos corpos

Que engana nossos frágeis e viscosos prismas gelatinosos

Lentes embaçadas que não conseguem ver

Que apenas preferem crer

Essa mente irreal é inimiga do espectro do tempo

Amaldiçoada e por muitos numerada

Dimensão que alfineta a existência

Num tic-tac deturpado

Desse relógio universal que marca tudo errado

Questionar se alguém vive além do horizonte

Lá, naquela casa distante

Além daquela estrela ingrata

Será que lá vive outra esfomeada mente abstrata?

Será que se questiona da minha existência errante?

Não se preocupar com as banalidades

Não se preocupar com as falsas moralidades

Porque a preocupação vai além do ser e estar

Vai aonde apenas o espírito pode alcançar

Essa é a presunçosa maldição

Um ensurdecedor bater de relógio em vão

Uma mente que grita inquieta no melodioso silêncio da noite

E que dorme na enfastiante chuva murmurada pela multidão

http://malignacura.wordpress.com/2013/02/05/horizonte-abstrato/