O violão

 
 
Quando estou quietinho
A pensar na imensidão
Busco ficar sozinho
Para tocar violão.
 
Quando estou doente
Doente está meu coração
Um tanto quanto carente
Toco violão.
 
Quando estou aflito
Numa expurgação
Solto de mim um grito
Na batida do violão.
 
Quando estou com a consciência
Perturbada em argumentação
Logo, com muita paciência
Dedilho o violão.
 
Quando estou em degradação,
Minha mente, em confusão,
Procuro com ânsia a solidão
Tocando o violão.
 
Quando já estou farto
Desta vida de expiação,
Vou para o quarto
Tocar violão.
 
Quando, então, consigo
De tudo a consolação,
Suspiro e choro comigo
No tocar do violão.
(19/10/1996)