A Casinha
O farol vermelho desperta o olhar
na pausa do tempo, blasfemia e lamento
chegada adiada em um breve momento.
E nesse instante olhando o vazio
surgindo ao léu, uma imagem em cordel
uma mesa arrumada, vasinho de flores
toalha lavada, anjos sem temores.
Casa sem projeto, família sem teto,
sem água, sem luz, sem vez no decreto
um sofá de improviso, criança a chorar
no fogo aceso tem algo a esquentar.
Vida sem segredo, sem muro ou parede
um drama, um teatro, sem palco e sem rede
um triste retrato, escuto falar
um homem de terno insiste em ajudar.
No canto da ponte, onde vive o artista
a casa é gigante e o sorriso é marcante
casinha pequena é do rico infeliz
que caiu em desgraça e empinou o nariz.