A Casinha

O farol vermelho desperta o olhar

na pausa do tempo, blasfemia e lamento

chegada adiada em um breve momento.

E nesse instante olhando o vazio

surgindo ao léu, uma imagem em cordel

uma mesa arrumada, vasinho de flores

toalha lavada, anjos sem temores.

Casa sem projeto, família sem teto,

sem água, sem luz, sem vez no decreto

um sofá de improviso, criança a chorar

no fogo aceso tem algo a esquentar.

Vida sem segredo, sem muro ou parede

um drama, um teatro, sem palco e sem rede

um triste retrato, escuto falar

um homem de terno insiste em ajudar.

No canto da ponte, onde vive o artista

a casa é gigante e o sorriso é marcante

casinha pequena é do rico infeliz

que caiu em desgraça e empinou o nariz.

marquesK
Enviado por marquesK em 10/08/2005
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