UM PÉ NO SONHO OUTRO NO REAL
Trago estrelas nos bolsos
Nos olhos apenas o sal das salinas
As águas do olhar molham e salgam
Um mar de salmoura banha células dilaceradas
No arranhado do meu coração
Traçado profundo pelas longas unhas
De uma cigana loura
Profetizando um circo de horrores
Nessa minha vida de desamores
Olho pro céu decifrando figuras
Umas claras outras obscuras
Moldadas pela imaginação
E logo surpreendo-me sentado no chão
Indefeso
Sem meus sonhos a me proteger
Na terra defendem-me as armas de Ogum
Cavaleiro da lua com seus aços e metais
Sempre sonhando com pontes e travessias
Do lado de cá tento olhar teus pés suaves
Arrisco em momentos em que você se distrai
Não me olhando como sempre desejei
Gasto uma estrela a cada dia
Como moeda para continuar suspenso
Nessa quase vida