A rosa desfolhada III

Como eu soube mais tarde,

esta noite morreu a rosa.

A rosinha que encantava

o jardim de Venturosa.

Morreu a rosa, coitadinha.

Nem seu cheiro nos deixou.

Nem lembrança, pois ela

é nada mais que uma flor.

E é das flores murcharem,

sua lembrança é das muitas

outras que vem e que passam

adornando o aroma dissoluto.

Mas se foi, a pobre rosinha,

não podia ser eterna...

iria murchar a coitadinha

caindo pétala por pétala.

E hoje eu passo, passo, passo:

Sou moça, bonita, e que importa?

Amanhã eu serei velha, velhinha.

Mas será que um dia eu

poderei dizer encostada ao canto.

Hoje eu sou talo

mas ontem eu fui rosa?