POETA, SER ESTRANHO

Não pode ser poeta se és feliz

O sorriso não cabe na poesia

Nem a felicidade

A poesia é terreno áspero, escuro

Mora nos olhos da tristeza

E tem a alma coxa que sai do silencio

Só para falar das sombras

E dos sentimentos machucados

Ou afogar-se numa gota de pranto

Porque desconfia do destino

O poeta lambe as feridas

E sonha!

E embora a semente do amanha

Lhe habite

Tem o habito de desacreditar

No que os olhos mostram

Para entregar-se

Aos devaneios!

Tudo sente e por sentir é triste

Se não sentisse, seria triste também

Seus sentimentos gotejam

Num pátio abandonado

Gotas de solidão e de uma dor imaginária

Que só ele sabe existir

Abre os olhos

Como se fora a primeira vez

Para os desejos inconfessos

Ser estranho, o poeta!

Arde de um amor

Que não pode ter

Dá um amor que não é seu

Anda pelas veredas

Das estrelas

Tua matéria é a vertigem

E os espasmos ancorados

No seio movediço e incerto

Das palavras!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 20/04/2013
Reeditado em 16/03/2014
Código do texto: T4251143
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