Ponto de Apoio

Quando me despedi naquela noite

Despi-me de sentimentos.

Decerto, por alguns momentos perdia-me.

E era quando eu mais me encontrava.

Sob a noite fria, que encontrei no cerrado

Eu, sozinho, naquele ônibus lotado,

Seguia-me

Tal qual a estrada e o céu estrelado. Indo atrás dos meus elementos,

Fragmentados, inertes.

Era um lugar estranho, diferente

Tinham moças espalhadas pelo caminho

Alugavam-se: Para motoristas solitários, sádicos, sem alma

Doentes

De espírito;

De corpo;

De existência.

Testemunhei pais, filhos

Vendiam-se em um país onde tudo está à venda:

A decência;

A ousadia;

A necessidade;

A fome.

Vi o que não queria ver. Não enxerguei o que meus olhos clamavam

Atenção,

Pare, siga, ande, volte,

Desista!

Eu não desisti.

Vi nessa estrada que eu não conhecia,

E que jamais conhecerei,

Vi rostos bonitos,

Praias rebeldes

Natureza viva e morta

Torta, dadivosa. Vi e desejei

Fotografei.

Que pena que estes dias de viagem

Transformaram-se em resumo num papel:

E agora o papel acabou

Eu parei de fugir

A estrada findou

A viagem desembarcou, trouxe-me aqui

A hora de retornar

Dias na estrada

Que se não valessem de nada

Pelo menos me fizeram suspirar. E viver...

Super Bacana
Enviado por Super Bacana em 25/04/2013
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